Itabira fomenta a cultural afro para implementar “Rota Negra” do Mtur

O dia 24 de janeiro é um marco para o levante da comunidade negra e sua luta por direitos e visibilidade a nível global; trata-se do Dia Mundial da Cultura Africana e Afrodescendente. Em nossa Região, um dos grandes orgulhos da causa é Dandara Dias de Oliveira, mulher preta cachoeirense, professora de história, geografia e ensino religioso, agente cultura, ativista ambiental, educadora antirracista, escritora, coordenadora diocesana da Pastoral Afro-Brasileira e Vice-presidente da Comunidade Pedra do Itabira, em Cachoeiro de Itapemirim/ES.
Muito admirada pela comunidade natal, Dandara desenvolve ações de letramento racial, resgate da memória local e atua no espaço escolar como educadora antirracista. Integra seu portfólio o desenvolvimento de 3 projetos: “A formação do povo brasileiro”, “Sou da Quebrada” e “Carolinar”, grandes destaques na pauta racial e no combate ao racismo. Como Agente cultural, foi contemplada pela Lei Rubem Braga em quatro projetos como idealizadora, sendo o primeiro deles “Dandara Vive em Mim”, que posta-se a favor da valorização e vocalização da mulher preta e funciona em formato de PodCast, através de seu canal oficial no Youtube. O conteúdo é gratuito, com acessibilidade em libras e ficará disponível para acesso e compartilhamento.
O segundo projeto “História Que Meus Avós Contavam” é um documentário contando casos de moradores do Itabira, também disponível no canal mencionado acima. Em execução há o “Kitanda Cultural”, com apresentação da peça teatral “Lambe-Lambe” em periferias da cidade e a abertura do “Espaço Cultural Afro ‘Dandara'”, que funcionará na comunidade itabirense.
O Espaço Cultural Dandara
Pedra do Itabira é uma comunidade interiorana localizada ao redor do Pico do Itabira — que integra o MONAI (Monumento Natural do Itabira) — e, em breve, inaugurará o Espaço Cultura “Dandara”. Em parceria com a AMORI (Associação dos Moradores, Produtores e Proprietários do Itabira), o local foi projetado para o desenvolvimento de atividades artísticas, culturais e educativas, trabalhando temas como educação socioambiental, como a temática do racismo ambiental, a educação antirracista e o letramento racial.
“A comunidade do Itabira originou-se da junção de duas grandes fazendas escravocratas da província de Cachoeiro, sendo elas a ‘Fazenda Sant’Anna do Itabira’ e ‘Fazenda Maquiné’. O trabalho cultural e educativo é necessário, pois entendendo o racismo como institucional e estrutural, visualizamos que, o que sofremos na atualidade são resíduos e traços deixados do processo escravista da nossa sociedade. Podemos visualizar que os que mais sofrem, a exemplo do racismo ambiental, são os negros. Ou seja, aqueles que mais se prejudicam nas tragédias ambientais são negros (pretos e pardos). Não seria diferente na comunidade Itabira”, dispôs a militante homenageada, Dandara.
O Espaço Cultural contará com uma área para apresentações culturais e educação socioambiental, e uma biblioteca comunitária, equipada com um acervo de livros de didática racial.
Rotas Negras
A iniciativa de construção do Espaço Cultural “Dandara” deriva-se do Decreto Nº 11.914, de 7 de fevereiro de 2024, que criou o Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) para o desenvolvimento do Programa Rotas Negras, com o objetivo de promover e valorizar a história, memória e cultura afro-brasileira. O projeto focará na criação de roteiros turísticos que envolvem os entes federados do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (MIR) e do Mapa do Turismo (MTur), visando fomentar o turismo relacionado à cultura negra e promover políticas de igualdade racial. A iniciativa busca também gerar empregos, renda e desenvolver economicamente comunidades negras, além de ampliar a oferta de serviços turísticos no Brasil, destacando a contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira.
O programa pretende divulgar o patrimônio histórico, cultural e artístico das comunidades negras, como quilombolas, escolas de samba e comunidades de terreiro. A população negra, que representa 55,5% da população brasileira, ainda enfrenta sub-representação no setor turístico, tanto na oferta de serviços quanto na representatividade nas mídias. O projeto também se conecta com o Afroturismo, promovendo a diversidade cultural do país e reconhecendo o protagonismo negro.
Sobre a proposta de ter mais um espaço dedicado a uma modalidade de Turismo que tem ganhado força nos últimos anos e simboliza a diversidade cultural e racial, Suély V. B. Cristófori, Presidenta do Convention, manifestou-se: “a criação do Espaço Cultural ‘Dandara’ é algo que faz a Diretoria vibrar, porque embora ainda estejamos falando de turismo, é um ato de reparação de histórias esquecidas e uma forma de dar voz a comunidade que ostenta uma riqueza cultural inestimável. Este projeto é um convite para olharmos de frente para nossa própria identidade, celebrando o legado das comunidades negras e reconhecendo o impacto que elas têm, não só no passado, mas no presente e futuro da nossa Região e também do país. Como mulher branca, entendo que apoiar iniciativas como essa é um ato de responsabilidade e aliança. Promovendo a diversidade cultural e racial, o resgate da ancestralidade e o convívio antidiscriminatório, poderemos estabelecer um espaço mais seguro e propenso à geração de empregos e ao fortalecimento de economias locais, onde a diversidade é força e não apenas discurso”.
A proposta será interinstitucional, com a participação de diversos ministérios e entidades, como os Ministérios da Igualdade Racial, Turismo (MTur), Cultura, e outros órgãos como Embratur e Iphan, coordenados pelo Ministério da Igualdade Racial, para garantir uma ação robusta e respeitosa na implementação do programa. Sobre as Rotas Negras você poderá encontrar informações mais detalhas aqui.
Para acompanhar e obter maiores informações, você pode acompanhar o trabalho da agente cultural idealizadora do projeto, Dandara Dias de Oliveira em sua página no instagram.
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A ação integra o Plano de Trabalho celebrado entre a Região Sul Capixaba dos Vales e Café e o Governo do Estado do Espírito Santo, através da SETUR – Secretaria de Estado do Turismo, em desenvolvimento do Edital de Fortalecimento Nº 005.2024.